Lomyne's in tha house

Já não sou mais tão jovem para ter tantas certezas.

11 DE SETEMBRO – BALANÇO ANUAL

Águas rolaram, muitas neste ano… Bin Laden se tornou um mal da humanidade. Inimigo público dos E.U.A. e de todo mundo que depende deles. Mas eu ainda faço questão de lembrar: cerca de 12 grupos terroristas assumiram os atentados ocorridos um ano atrás. Ninguém provou que foi Bin Laden. Não estou defendendo ele, só que há uma lei válida em qualquer lugar do mundo: todo mundo é inocente até que se prove o contrário. Sei que ele se colocou como culpado e que foi a bola da vez. E ele adorou. Seu nome é sinônimo de medo em qualquer lugar onde impere o capitalismo.

Há um ano atrás, escrevi Revoluções por Minuto, um texto bem polêmico (como a autora, diga-se de passagem). Atualmente não pilotaria aquele avião. As minhas noções de imperialismo mudaram, embora eu ainda acredite que não é como pintava na minha cabeça – mas ainda acho a ALCA uma putaria, sacanagem sem tamanho.

O 11 de setembro passou a ser um trauma, amanhã vai ter muita gente desmaiando com o barulho de um prato quebrado. Nos E.U.A.o povo está abrindo mão da liberdade em nome de uma pseudo-segurança; já admitem que se prenda alguém simplesmente porque esse alguém sabe falar árabe, que se prenda e se julgue alguém sem advogado, que se invada, reviste e destrua qualquer lugar sem um mandato. Em nome da tal segurança nacional.

Desculpem a decepção, mas eu não quero isso pra mim. Essa não é a realidade que eu sonho. Por mim, foda-se a democracia, a economia e a bolsa de Nova York. Eu quero meu direito de ser decendente de árabes respeitado! Quero estar em paz na minha casa, sem neuras.

E vocês? Acham que é legal saber que, no dia 06 de agosto deste ano, em Washington, capital dos E.U.A. tenha sido publicado isso aqui, assinado por um cara que é membro do conselho americano de segurança? Eu não.

Amanhã será exatamente assim:
O dia em que a Terra parou
Essa noite eu tive um sonho de sonhador
Maluco que sou, eu sonhei
Com o dia em que a Terra parou
com o dia em que a Terra parou

Foi assim
No dia em que todas as pessoas
Do planeta inteiro
Resolveram que ninguém ia sair de casa
Como que fosse combinado em todo
o planeta

Naquele dia, ninguém saiu saiu de casa, ninguém
O empregado não saiu pro seu trabalho
Pois sabia que o patrão também não tava lá
Dona de casa não saiu pra comprar pão
Pois sabia que o padeiro também não tava lá
E o guarda não saiu para prender
Pois sabia que o ladrão, também não tava lá
e o ladrão não saiu para roubar
Pois sabia que não ia ter onde gastar
No dia em que a Terra parou

E nas Igrejas nem um sino a badalar
Pois sabiam que os fiéis também não tavam lá
E os fiéis não saíram pra rezar
Pois sabiam que o padre também não tava lá
E o aluno não saiu para estudar
Pois sabia que o professor também não tava lá
E o professor não saiu pra lecionar
Pois sabia que não tinha mais nada pra ensinar
No dia em que a Terra parou

O comandante não saiu para o quartel
Pois sabia que o soldado também não tava lá
e o soldado não saiu pra ir pra guerra
Pois sabia que o inimigo também não tava lá
e o paciente não saiu pra se tratar
Pois sabia que o doutor também não tava lá
E o doutor não saiu pra medicar
Pois sabia que não tinha mais doença pra curar
No dia em que a Terra parou

Essa noite eu tive um sonho de sonhador
Maluco que sou, acordei
No dia em que a Terra parou
Eu acordei
No dia em que a Terra parou, acordei
No dia em que a Terra parou
Justamente
No dia em que a Terra parou
Eu não sonhei, acordei
No dia em que a Terra parou
No dia em que a Terra parou
No dia em que a Terra parou

Raul Seixas


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