Lomyne's in tha house

Já não sou mais tão jovem para ter tantas certezas.

Tréplica

Comentário do Tonho sobre o post Tranceformation. Comecei a escrever uma resposta nos comments mesmo, mas ficou grande demais para colocar numa garrafa. Minha resposta está embaixo.

Cara Reticencias,
Musica eletronica é algo realmente muito interessante, embora meu gosto musical para esse estilo seja um pouco mais amplo que as 130 bmps do Trance. Eu respeito a cultura trance, muito mais pelo lado comportamental do que pelos clichês. Se tem uma coisa que eu odeio em qualquer movimentação cultural é a segregação. E para criticar a segregação, impossível não segregar! No trance existe muito disso. Tranceiros, em sua maioria, não conseguem ouvir outras músicas além do próprio trance. Não se deixam levar pelas batidas sequenciais do deep house ou pela inteligentsia do IDM. Muito menos respeito o eletro ou o experimental, o que dirá dos jazzy e funky beats. Talvez eles se deixem levar pela quebradeira da moda do Drum’n’Bass. Eu sou ecletico na eletrônica, mas consigo respeitar e encontrar pontos positivos no Trance. Sito : O trance é o encontro de culturas diferentes. Ponto positivo. Mas para ser aceito tem que sentir a vibe, entrar na frequencia 13/20, rodar malabares e afins. Ponto negativo. A sensação de liberdade é verdadeira, mas não totalmente. O trance é um dos estilos da ME que mais dependem das substâncias artificiais (ou naturais) para causar a introspecção em cada um. Negativo. Mas trance funciona como o símbolo da integração que a música eletrônica causa nas pessoas. O extase que se forma no ápice de um line up do Ricca Amaral é fantástico. As pessoas assumem uma postura que se estivessem se vendo, não fariam nunca mais. E isso é positivo demais. É a libertação do que cada um tem dentro de si, por mais feio e patético seja. Mas isso não é uma característica só do Trance e sim da musica eletrônica em si. E eu sou deeper. Quero ver um tranceiro obter um ponto de vista tão amplo.
Tonho Eletro-Eletron

Minha resposta:
Tonho, meu amado, sou eclética e sei que você sabe disso. Minha case de CD é composta, quase que exclusivamente por rock (do mais pop ao hard core) e umas belas pinceladas de MPB e blues. Neste exato momento, estou ouvindo house. Sou muito eclética em relação ao que ouço. Este post está aí porque agora me percebo menos eclética em relação a ambientes. Noto que o mundo de raves mudou minha relação com minha liberdade e isso não tem nada a ver com drogas. Mesmo sem elas passo muitas horas me divertindo por lá.

Concordo quando você diz que os tranceiros têm essa coisa de só aceitarem aqueles que se integram no modo que eles encaram a rave, criticam os playboys e se incomodam com a presença deles. Ou melhor: se incomodavam. A cada dia que passa, dentro do trance surge a vertente das pessoas que entram naquele novo mundo sem sair deste. Gente que consegue fundir as duas realidades e não almas de consciência simplista. Sim, porque alguém que não respeita as diferenças é uma pessoa pequena, não importa qual escolha faça.

Mas, assim como o mundo raver demorou a crescer, penetrar na consciência das pessoas demora muito. Ainda vejo gente que quebra garrafas de lança pelo chão das raves e vejo amigos meus cortarem a sola dos pés nos cacos da onda alheia. Ainda não chegamos à forma perfeita, duvido que um dia cheguemos. Mesmo assim continuo acreditando naquela ‘gente feliz’, como você mesmo disse em um post seu.

Eu me sinto no meio destas diferenças, tentando dizer para os amigos tranceiros (que é o lado do qual mais me aproximo) que deixem os caras aprenderem a curtir raves em vez de excluí-los. E tento dizer aos playboys que, por favor, aprendam que rave não é lugar de azaração e que o vidro e as latas não voam até o lixo. Eu tento. E um dia desses consigo. Porque não sou a única a pensar assim e cada vez mais vejo tranceiros pensando como eu. Os playboys acabam se tornando tranceiros ou não voltam em raves… neles não consigo ‘catalogar’ a porcentagem de efeito…


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