Lomyne's in tha house

Já não sou mais tão jovem para ter tantas certezas.

Cotas – uma argumentação longa e pertinente

Pra começar, merlhor eu informar direito do que se trata. O meio acadêmico no Brasil anda um burburinho geral porque o governo anda discutindo a possibilidade de implementar sistema de cotas nas universidades públicas, estabecendo que 20% das vagas devem ser destinados a inscritos de pele negra. Maiores informações aqui.

O que eu concordo: que os negros não tem as chances que merecem nesta sociedade hipócrita que alega não ser racista; que algo precisa ser feito para que negros tenham melhores oportunidades no mercado, porque devemos a eles ao menos um ressarcimento pelo nada que foi feito depois da abolição; que negros são muito discriminados até hoje; que a sociedade é responsável por tudo que acontece nela.

O que eu não concordo: que um blá-blá-blá político seja suficiente para acabar com o racismo; que 20% seja tudo que eles merecem; que a cor da pele torne alguém melhor ou pior que outrem; que a situação vá melhorar por causa dessa oportunidade.

O que significam estes 20%? A meu ver, que negros vão entrar em universidades e terão problemas. A curto prazo, porque estarão abaixo do nível dos outros alunos e que encontrarão dificuldades para acompanhar as aulas, pois quem tem menos informação precisa de reforço antes de encarar uma facul. E não venham me dizer que eu estou chamando negros de burros, não é isso, o fato é que se não conseguiam entrar na facul antes não é por excesso de pigmento na pele e sim por falta de informação na cabeça. Isso vai levar as universidades a diminuirem seu nível de ensino ou destinarem professores para dar aulas de reforço e isso custa dinheiro, coisa que anda bem em falta das universidades públicas.

A longo prazo, acredito que tal determinação de cotas vai ser absolutamente inútil para combater o racismo e as dificuldades no mercado de trabalho. Primeiro, porque dividir qual a parte que cabe aos brancos e qual cabe aos negros só serve para separar os grupos ainda mais. Segundo, porque em 10 anos, os formandos de pele negra que entrarem no mercado serão todos encaixados dentro destas cotas, ou seja, a cor da pele passa a ser uma justificativa para suas menores capacidades frente a seus concorrentes. E serão ainda mais discriminados porque tiraram vagas de gente mais competente por causa de sua cor. E aí? Isso é justo?

O que acho absurdo é que ver que o que está se tentando combater é o sintoma de uma doença social e não a sua causa. Alguém me explique de que adianta ter cotas que acham que cor é o que faz uma pessoa merecer uma vaga universitária mais que outra, quando o problema na realidade é que nosso ensino público de nível básico e médio é uma merda e não fornece base para que um jovem entre na universidade e o governo não tem como investir nas universidades públicas para oferecer mais vagas?

Pra encerrar, a questão das universidades públicas é que elas são obrigadas a selecionar muito os seus inscritos, aprovando principalmente aqueles ratos de cursinhos pré-vestibulares, que pagaram fortunas de mensalidades para chegar até lá. No fundo, isso não tem a ver com cor de pele e sim com condição financeira. E me poupem daquele discurso de que a maioria dos pobres são negros, porque isso não justifica. Cotas sim, mas de acordo com a condição financeira familiar e o histórico escolar, não guiado pela pele.

Aceito (e peço) comentários.


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Comentários

Uma resposta para “Cotas – uma argumentação longa e pertinente”

  1. […] muito tempo, escrevi sobre cotas (link). Na época, o governo discutia a implementação das cotas. Hoje, elas funcionam no país inteiro […]

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