Lomyne's in tha house

Já não sou mais tão jovem para ter tantas certezas.

Utopias políticas

Eu me lembro quando Leonel Brizola morreu, uma coisa chamou particularmente a minha atenção durante o velório. Uma jovem, no máximo 20 anos de idade, chorava copiosamente e declarou entre seus soluços a visão que tinha do falecido para uma das câmeras da Tv Globo: para ela, morria o único político de real valor, integridade e honestidade do Brasil, ela se sentia como se nunca mais fosse encontrar um político decente. Ou pelo menos era algo mais ou menos assim que ela dizia. Eu lembro também que essa declaração tão apaixonada me deixou incrédula. Primeiro porque não acho que o Brizola fosse o único político correto do Brasil, acho que existem sim alguns por aí; segundo porque eu definitivamente não creio que o Brizola tenha sido um político honesto.

Agora eu cheguei ao ponto que queria: declarações românticas. Sabe, eu admiro quem acredita em político 100% honesto, assistencialismo como solução dos problemas sociais, fora FMI e outras abobrinhas do gênero. Admiro porque o que essas pessoas têm não é ideologia política e sim crença política. Crença pura e simples, porque acreditar nesse tipo de discurso é um ato de fé sublime, nenhum pouco de raciocínio, lógica ou bom senso.

Mas mais incrível do que cidadãos que crêem em certas tolices, são políticos que levantam tais bandeiras. Hoje fiquei particularmente impressionada com umas coisas assim com que me deparei na edição da revista IstoÉ, trechos inacreditáveis das entrevistas com os candidatos à presidência do PT. Segue abaixo as pérolas dos desafiantes de José Genoíno:

Opção A
IstoÉ: Mas o PT, no governo, não precisa de alianças?
Raul Pont: Não. Eu fui prefeito e nunca tive maioria. E isso nunca impediu que fizesse o maior investimento em obras e serviços da história de Porto Alegre.
IstoÉ: Mas o sr. perdeu a eleição…

Opção B
Plínio de Arruda Sampaio: O Governo é refém do mercado. É preciso dar ao Lula a certeza de que, se ele enfrentar este mercado, terá um partido capaz de mobilizar o povo.
IstoÉ: Esta visão não é um tanto romântica?
Plínio de Arruda Sampaio: Sem romantismo, o que se faz? Deve-se enfrentar. O PT era o partido da mudança. Virou o partido da ordem.

Opção C
Valter Pomar: Governo tem limites e o partido pode ir além.
IstoÉ: Um exemplo.
Valter Pomar: O Bush vêm ao Brasil. Lula deve recebê-lo com dignidade, segurança e cortesia. E o PT, com mobilização de rua contra o imperialismo americano.

E aí? Dentre estas opiniões, qual dessas é a sua favorita para chefiar o partido por trás de nosso querido Presidente da República? Caso alguém se interesse, as duas opções que restam são a reeleição do atual presidente do partido e uma candidata absolutamente retórica que não forneceu nenhuma resposta concreta às perguntas da revista. Se eu fosse filiada, era Genoíno na cabeça.


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