Lomyne's in tha house

Já não sou mais tão jovem para ter tantas certezas.

As pessoas e os ônibus

Hoje, por volta de 9h da manhã, esperando o ônibus pro trabalho.

– O verde já passou? – pergunta a senhorinha sobre o Interbairros II.
– Já sim, senhora. Passaram três seguidos.
– Será que demora pra vir outro?
– Acredito que não, é horário de pico, provavelmente estavam atrasados. Já já passa outro.
– Ah, não quando é assim, ixi, demora muito, porque tem vez que acontece acidente e ai eles se ajuntam e demoram muito.

Ora porra, se você já sabe a resposta e já tem uma merda duma certeza, pra que caralhos tá me perguntando? Eu nem bem acabei o resmungo mental e o ônibus da bendita passa.

– Você tá esperando o Guanabara? -vem a segunda aleatória do dia.
– Tô, faz uns 15 minutos já.
– Nossa, mas já passou um pra lá?
– Já sim, faz bem uns 10 minutos.
– Ah então já passa um.

5 minutos e 3 ônibus amarelos depois, a aleatória vem bancar o oráculo e dar aquela ofendidinha básica:

– Você viu errado o ônibus, não é possível, devia ser o Raposo Tavares. Porque passou um pra lá, já tinha que ter passado pra cá. Você viu errado, só pode.

Para a puta que pariu, já de manhã cedo? Duas no mesmo dia? O ônibus passa logo em seguida, eu sento a uma distância segura do oráculo e a vida segue.

Aí eu fico pensando: que que tem de errado com a humanidade? Ou pelo menos qual é o problema das senhorinhas das Mercês? Quinta-feira de manhã e duas já me tiraram pra burra, além de estarem cheias de certezas sobre as coisas que perguntaram.

Tá querendo fazer amizade? Tá achando que eu preciso de orientações sobre os ônibus perto da minha casa? E principalmente qual a diferença que esses malditos diálogos fazem na sua vida? Por acaso se o ônibus for demorar mais 2 minutos você vai pegar um táxi? Ou vai ficar gralhando no meu ouvido mesmo, ao invés de ligar pra porra da prefeitura e colocar suas reclamações a quem cabe?

Calma, Lomyne, calma, relaxa, amanhã você entra de férias. Respira, respira…


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