Tem pouco tempo que fiz as trouxas e caí de pára-quedas no lugar que eu sabia que seria meu inferno. Fazem três anos, para ser bem exata. Não é pouco para muitas coisas, mas é uma miséria de tempo se você sabe que é o seu prazo para se tornar gente grande (?). Não deu certo, eu acho, mas era esse o projeto. Sem pai nem mãe por perto, na cidade onde tudo é mais fácil do que no interior. Não sou nem nunca fui vítima das circunstâncias, acredito que ninguém é. Mas me vi diante de experimentar o que sempre quis e não perdi a oportunidade.
Era só o começo da faculdade, mas daí veio algo que nunca tive: popularidade. As palestras de Comunicação me tornaram figurinha fácil. E então conheci as raves, minha delícia predileta, na época em que os amigos sustentavam minhas nights. Depois veio o primeiro emprego e a chance de sair o quanto quisesse, sem neura financeira. E as más línguas dirão que essa foi minha perdição. Talvez tenham razão. Sexo, drogas e rock’n’roll foi minha Lei – por vezes com música eletrônica no lugar de rock, mas enfim – assim fiquei por quase dois anos, o período entre o Começo e o Apocalipse.
Começo: numa noite de chuva, após um show, uma virgindade foi por água abaixo, na beira da praia, numa confusão que depois deixou feridas. E então perdi pudores, perdi dinheiro, perdi amigos, perdi a paciência e perdi o bom senso. Mais ou menos nessa ordem. Há quase um ano, abri um blog que, em 7 meses, passou de distração a vício doentio. Por pura insanidade, de repente a net e as pessoas da net se tornaram o que eu tinha de mais precioso. Tá bom que pela net ninguém convive de fato, mas nos falamos todo dia e nos vemos de vez em quando, sem falar no ICQ, o mago solucionador da falta do que fazer no trabalho. E quando se convive demais com pessoas, problemas aparecem. Arrumei fama de metida, me tornei figurinha fácil, fiz amigos, tive dissabores e até encontrei alguém especial. Tudo estava intenso, em profusão, parecia que iria explodir e foi o que aconteceu. Era o Apocalipse.
Às favas as confusões e as idéias colocadas naquela casa com tamanha devoção. Aos Diabos os que resolveram me olhar torto e à puta que os pariu aqueles que se acharam no direito de me julgar. Dei minhas três voltas para a esquerda e estou de volta no mundo dos lápis de cor, pintando as coisas como quero e ponto final, porque depois do fim do mundo só pode haver o recomeço. Até que está ficando munitchinhu… Muitos preciosos ficaram para trás, mas com o tempo eu vou buscá-los. Ainda não é hora, por enquanto, resmungo sozinha. Alguns sabem em que canto me sento por agora, mas não ligo muito se estão vendo ou se pretendem qualquer coisa a respeito.
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