O Rio tem uma coisa que eu não sei explicar. Depois de anos, estou de volta à esta cidade, mesmo que temporariamente, mas num clima de rotina. Trabalho, hora pra entrar, hora pra sair, hora de almoço. Por alguns dias, estou no coração da cidade e tenho aquela mesma relação de amor e ódio com o Rio de Janeiro. Porque, para usar um clichê, enterrei os melhores anos de minha vida nesta cidade. Porque o Rio desperta em mim coisas que eu já não achava mais que faria, um lado instintivo e meio grosseiro que eu evito, intercalado com momentos da mais séria competência pofissional, tom de voz pausado e sorriso doce. O que eu menos consigo explicar, no entanto, é meu amor sincero e irracional por uma sutileza do Rio de Janeiro: o Rio tem um cheiro que eu amo. Não sei cheiro de quê. Sei que eu gosto. E sei, pelo andar da carruagem, que quando chegar em Curitiba vou estar morrendo de saudades de morar no Rio. Porque eu deixei o estilo de vida que eu tinha aqui no fundo de uma gaveta e acreditem, eu amava aquele estilo de vida, mesmo sabendo que ele poderia simplesmente me destruir…
Momento Diarinho XIV
Escritos de outros dias
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