Há dez anos, colegas de escola grávidas no segundo grau (ensino médio, pra quem é sub20) viravam o centro das atenções. Era chá de bebê no recreio, paparicação com a barriga alheia, mas principalmente era o assunto mais comentado por meses. Se iam casar ou não, se já tinham contado pra família, como reagiram, etc. Mas isso faz 10 anos.
Há dois anos, meu primo de 14 anos engravidou a namorada de 16. O relacionamento acabou, mas algo perfeito existe: Alice, que já tem um ano e pouco, anda, fala, resmunga, chora no banho e é uma fofa. Meu orkut sempre ostenta vídeos dessa jacuzinha que eu amo de paixão.
Há poucos dias, uma amiga me ligou e disse: vou ser avó. Eu fiquei muda, não conseguia nem imaginar qual dos quatro filhos dela estava “grávido”. Dos filhos, uma menina tem 19 anos, outra 17, um garoto de 14 e mais uma de 12. Minha primeira lógica foi pensar no garoto, porque no primeiro impulso excluí as duas mais velhas… Eu estava enganada, a mais velha está grávida.
Se há 10 anos eu já achava um absurdo, hoje eu não consigo imaginar como ou porque essas coisas acontecem. Como é possível uma mulher feita não saber se cuidar? Eu acho que esse ponto é meu único discurso feminista: quem tem que ter camisinha na bolsa é a mulher. Por quê? Simples: porque a vida que vai mudar drasticamente, quem vai abrir mão de diversão, perder noites de sono, encarar fila de creche e ter sérios problemas com trabalho/estudo, além de uma grande despesa adicional? A mulher, lógico. O homem pode duvidar, viajar, pode fugir de umas trezentas formas diferentes, mas a responsabilidade da mulher é inevitável.
Como é que pode? O quem na cabeça essa geração que tem educação sexual na escola, tem acesso a camisinha, pílula anticoncepcional e não usa? Já diz minha avó, esse mundo tá perdido…
p.s.: não tenho nada contra bebês, produções independentes ou filhos sem casamento, só acho que gravidez e filhos não podem ocorrer por acidente.
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