Falando em feeds que uso no trampo, além dos brazucas recebo mais um monte para produzir newsletters para Portugal. Perco um tempão enfiada nesses feeds, mesmo só passando o olho e se não interessa pra newsletter, eu jogo fora. Ok, tem algumas que o assunto é divertidinho e eu deixo para ler quando der. “Ler quando der” deve ser a maior pasta do meu outlook, diga-se de passagem. A gente diz que fala a mesma língua, mas cada dia que passa eu tenho mais dúvidas. Por exemplo, vai uma notícia:
“Um incêndio florestal, que começou pelas 17h20 de ontem em Alvalade, concelho de Santiago do Cacém, mobilizou no seu combate 67 bombeiros, 17 veículos e dois meios aéreos. As chamas foram circunscritas às 19h00 e pelas 20h00 deu-se início ao rescaldo. Ardeu uma área considerável de eucaliptal.”
O que é um concelho? Meios aéreos é qualquer coisa que voa? As chamas foram o quê? Rescaldo? Lógico que dá para entender, mas não é nossa linguagem natural. E então vem esses unificadores da língua portuguesa, mudando as regras todas, só para confundir o meio de campo. Não sei de quem foi essa ideia de gerico, mas as consequências com certeza vão ser indigestas, vai demorar um monte para assimilar. Será que os autores não veem como isso complica? Eu sei que é meio antiético criticar, afinal é uma tentativa de unificar os lusófonos, mas porque esse povo não para de tentar fazer todo mundo escrever igual e se ocupa primeiro em fazer todo mundo falar igual? Tanto faz como escrevemos, vai mudar um monte de coisas e ainda assim nós e os portugueses não vamos nos entender mais rápido, continuamos meio antissociais.
p.s.: se você leu tudo e não estranhou nenhuma palavrinha, você está melhor do que eu, porque este post foi escrito de acordo com a nova norma da língua portuguesa e deu um trabalho bem chato. Algumas pessoas podem se dar bem, quem sabe daqui a cinquenta anos a próxima alteração da língua institucionalize o miguxês como norma culta…
Deixe um comentário