Ontem de manhã uma memória do Facebook me lembrou que há um ano cheguei no último furo do cinto, desde então eu não ganhei mais peso. Por isso decidi que já estava na hora de procrastinar e escrever mais um post sobre ser gorda/emagrecer/se sentir bem. Acabei não postando ontem, porque tinha compromisso à noite e sempre tem uma pequena procrastinada extra, mesmo quando a gente decide não procrastinar mais.
Antes de dormir o que eu fiz foi montar a imagem de cabeçalho deste post enquanto falava com meu namorado. E aí que ele me fez uma pergunta que eu não soube bem responder: “se você preserva tanto sua vida pessoal no blog, por que você quer escrever sobre isso? Não é uma superexposição do tipo que você evita?” É sim. Tenham certeza que é. Mas esta é uma superexposição muito importante, porque há uma causa envolvida e é algo que é muito maior do que somente a minha imagem pessoal.
Mês passado um casal de amigos em franca luta contra o excesso de peso veio jantar aqui em casa. Esse programa de adulto, sabe, jantar com amigos? Todos muito maduros. Obviamente, com 4 pessoas não magras na mesa, peso foi assunto. Os dois estão emagrecendo, ele de forma mais visível que ela (mais coisa pra perder, né, minha gente) e ela acumula frustração porque a maioria das pessoas não percebe tanta diferença nela. Mas olha, quando ela largou o comentário sobre a vizinha não notar, meu senhor amado, eu comecei um discurso tão explosivo que depois pedi desculpas (talvez devesse pedir mais).
Tá aí se matando de fazer exercício, abrindo mão de coisas que gosta, controlando o tempo todo pra porra da vizinha? Não é pela saúde? Não é pra se sentir melhor? Não é nem mesmo pra entrar naquele seu vestido favorito? Nem pra ganhar qualidade de vida? Você tá louca?
Na verdade foi um pouco mais que isso que eu disse, mas bora ser elegante em contexto público. Essa moça é linda, uma pessoa incrível que tá acima do peso e não consegue aceitar que tá tudo bem, que não precisa ser manequim 38, e mantém essa relação de auto-aprovação baseada em uma aleatória. Ora diabos, eu preciso escrever, porque eu preciso que ela se olhe no espelho e comemore cada passo por ela, não pela vizinha. Até porque bem sabemos que a vizinha é um bom termômetro da opinião média da sociedade.
Ela merece tudo que eu puder fazer por ela, mesmo que seja só um textão. Ela e todas as pessoas que em inúmeras ocasiões vieram falar comigo por chat a respeito de questões de peso. Há uma muita admiração pelo processo de emagrecimento e muita gente me procurou pra fazer perguntas, alguns na esperança de ouvir uma resposta mágica sobre “como perder 40kg”. Eu sinto muito, não tenho uma resposta mágica.
Se por algum acaso você que chegou aqui não sabe da história, um breve resumo: em setembro de 2015 passei pelo módulo de coaching da pós-graduação e saí de lá com a meta de perder 30kg em um ano (é a primeira foto ali em cima). Em 6 meses, perdi 20kg; em 10 meses, os 30kg; em 15 meses, 40kg. As últimas 3 fotos já são desse ano de estabilidade.
Postei algumas fotos de antes-e-depois, isso fica muito legal nas redes sociais. Mas comemorei muito mais o resultado do exame de sangue, a cicatrização da vesícula, as manhãs sem crise do estômago. Estes antes-e-depois são muito mais importantes, mas acho que não cabem das redes sociais. De toda forma, acho que olhando para o que postei sobre o assunto parece que foi tudo mega bacana e fácil de encarar. Então me deixa comentar algumas coisas importantes.
A primeira coisa que você precisa é entender onde você quer chegar e traçar um plano. Pra traçar um plano, você precisa saber que tipo de pessoa você é.
Quais são as coisas mais importantes? Eu preciso de açúcar no café, arroz no almoço, eu preciso de carboidrato. Eu não consigo viver sem esses pequenos prazeres.
Lamento informar que o seu objetivo de pesar menos é incompatível com o seu estilo de vida. Pra emagrecer a regra é simples matemática: você precisa gastar mais do que consome. Você pode fazer isso de três formas:
1. De que coisas você consegue abrir mão? Não dá pra emagrecer comendo dois hambúrgueres e uma pizza por semana. Eu só me permito comer pizza uma vez por mês. Além disso, eu reduzi muito a quantidade do que eu como (confesso que ter um problema de estômago que me causava dores e tirava a fome ajudou nisso, mas com certeza não recomendo).
2. Você curte alguma forma de exercício físico? Eu já tentei várias vezes, eu sempre abandono. A verdade é que eu mantenho meu peso sem fazer exercícios, mas sei que deveria. Está na meta de 2018 tentar novamente.
3. Você já pensou em tomar remédios? Saiba que precisa de acompanhamento médico pra isso e que remédios ajudam muito, mas precisam ser uma decisão temporária. Porque vai uma grana e porque não dá pra virar dependente de remédio. Eu me recuso a tomar anfetaminas, tive péssimas experiências em tentativas anteriores, não serve pra mim. Eu tomei remédios pra ajudar na redução de colesterol e glicose. Não tomo mais nada desde julho de 2016.
Uma última coisinha: você tem que estar feliz durante o processo. Emagrecer demora. Se você não consegue estar feliz enquanto não emagrecer tudo, você não vai aguentar, você vai abandonar. Encontre um equilíbrio que te faça feliz pelo caminho, porque a jornada é muito longa.
E sim, eu continuo achando que Paris is always a good idea.
p.s.2: Links dos posts sobre emagrecimento aqui:
A gorda e o mundo
Sobre ser uma mulher visualmente interessante
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