Eu não sou um anjo, eu já me dopei um montão, já freqüentei raves de montão e não faz tanto tempo assim. Diminui minhas idas às raves em setembro do ano passado e desde então só apareci em duas. Tudo porque achei que minha saúde estava indo para o bueiro, um anti-dopping em mim naquela época era caso para matar minha família inteira de desgosto. Era toda santa semana, 2 ou 3 vezes por semana, sempre alucinada, virando váááárias madrugadas. Mas achei que era hora de dar um tempo e lembro muito bem do meu motivo: achei que estava passando dos limites. Não só eu, mas o costume, o abuso e a explanação da ilegalidade.
Agora eu vejo que isso aconteceu e dá aquela sensação de alívio por não estar lá, de preocupação com os amigos que estavam e fico com a consciência mais leve. O que eu acho que aconteceu é que o trance virou moda – funk eletrônico como diz um amigo meu -, é só olhar por aí: são saias de pregas para todos os lados, maria-chiquinhas em muitas cabeças, piercings e todo um rótulo alternativo que eu sempre achei meio patético e sem sentido. E assim como o visual de rebelde sem causa, foram os pirulitos, as garrafinhas d’água e as drogas que apareceram para caramba. É aquela veeeelha história de ir na onda alheia, achar bonito e coisas do gênero.
Prenderam muita gente naquela rave, prenderam DJs em São Paulo e daqui pra frente vai ser assim. E em nome da falta de noção dos ravers é que acho que esse estilo de festa começa a sucumbir. Os alucinados vão acabar por extinguir – nem hoje, nem amanhã, mas um dia desses – as raves, não sem antes conseguir torná-las ilegais e símbolo de algo que a música eletrônica não representa: rebeldia. É meio patético querer que um movimento tão alienado passe a ser parte de uma história, uma forma de tropicalismo pós-moderno (e muito decadente, se querem minha opinião), mas é isso que parece que os revoltados com a batida policial estão querendo dizer. E acabam também com a imagem daqueles que curtem a música eletrônica simplesmente pela música que é, não pela ideologia que ela não tem. E acabam com algo que levou tanto tempo para se construir. Ao que me parece, era uma vez a cena eletrônica. Se eu estiver errada, tomara que esteja, quem sabe um dia o gênereo viva feliz para sempre.
P.S.: desculpem a demora, já faz mais de uma semana, mas eu estava em semana de provas.
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