Teresópolis é uma cidade de raras opções de diversão com qualidade, isso é fato conhecido. Ontem foi uma dessas noites raras. Pela bagatela de seis reais, o SESC promoveu um show do Zé Ramalho. Poucos músicos eu acho que têm a capacidade de escreverem tão bem quando se trata de textos não muito óbvios e pouco conexos. Independente de ele só compor quando fuma muita maconha, escreve coisas que em sua estranheza têm algo de muito especial. Coisas assim:
Desço dessa solidão
Espalho coisas sobre um chão de giz
Há meros devaneios tolos a me torturar
Fotografias recortadas em jornais de folhas, amiúde…
Eu vou te jogar num pano de guardar confetes
Disparo balas de canhão é inútil pois existe um grão-vizir
Há tantas violetas velhas sem um colibri
Queria usar, quem sabe uma camisa de força
Ou de Vênus, mas não vou gozar de nós
Apenas um cigarro, nem vou te beijar
Gastando assim o meu batom.
Agora pego um caminhão na lona vou a nocaute outra vez
Meus vinte anos de “Boy”, “That’s over, baby!” Freud explica
Pra sempre fui acorrentado no seu calcanhar
Não vou me sujar fumando apenas um cigarro
Nem vou te beijar gastando assim o meu batom
Quanto ao pano dos confetes, já passou o meu carnaval
E isso explica porque o sexo é assunto popular
No mais, estou indo embora
No mais, estou indo embora
No mais…
P.S.: nem ligo se alguém achar que postar justamente essa música é lugar comum, a amo assim mesmo. 😛
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