Lá se vão vinte e dois e eu sentada de novo na mesa de bar. Pessoas de muito antigamente e pessoas muito diferentes das recentes me cercam, assumo posturas diferentes agora. Profissínalíssima, elogiada pelos maiores e melhores empresários da cidade, pareço adulta até. Ando cheia de não posso isso, não devo aquilo, lá não vou, isso não quero. Me olho e me acho meio gente grande, meio velha, meio exagerada, meio chata, meio fresca e meio grossa (no total já sou três).
Mais um ano que cumpro, um ano de coisas novas, um ano de vida estranha, de reaprender lições de convivência em família e de ganhar liberdade literalmente no grito. Ano intempestuoso eu diria, mas quem viu de fora é capaz de jurar que foi moleza. É? Então tenta você administrar essa cabeça louca aqui, espertalhão.
Rê Ticências, meu Mr. Hyde algumas vezes descontrolado que é (ou foi, sei lá) também minha barreira de defesa, soube se fundir com todo o interior, se mesclou e deu origem a alguém melhor, alguém menos irredutível, mais doce, mais transparente. Há um ano atrás, eu separava muito bem as pessoas que tinham o direito de me chamar assim, agora já me sinto tranqüila com tudo, crises superadas.
Estou bem, de verdade, e essa é a melhor parte, mesmo achando tudo meio morno, meio tons pastéis demais… E eu gosto de nescau gelado, pão de queijo quente, música alta, pessoas gargalhando, cores vibrantes, enfim, eu gosto é de intensidade.
Assim eu penso hoje, dia do meu níver, depois de ter assoprado as velinhas no sábado e antes de me sentar na mesa de bar que falei lá no começo… Me parece um ótimo balanço.
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