Você que me desconstrói quando me olha, que faz isso tudo de mulher perguntar-se se realmente é isso tudo de mulher, quem você pensa que é para sair me distruir assim como criança que assopra castelo de cartas? Duro é saber que você faz isso de você mesma, se propõe a construir um castelo e vai derrubando uma parte cada vez que tenta construir outra. Ah, mulher, que diabos de vocação auto-destrutiva existe em você, que insiste em transformar seus medos em diferentes personalidades e agora fala com cada metade de si como se houvesse forma de fazer uma parte escutar a outra… Logo você, tão soberana sobre seus saltos altos e tão enrubescida quando lhe dizem que tem olhos lindos. Que equilibra seu cigarro em um canto da boca e usa seu olhar quase fechado para dar a impressão de que é poderosa. Poderosa em quê, meu Deus do céu, se não consegue passar mês sem chorar por ansiedade de encontrar seu grande amor e a cada relacionamento que começa a ensaiar os primeiros passos você pisa no pé ou mesmo sai correndo do salão… Ah, garota covarde que não devia ser assim tão neurótica, tola fraca que se renega por medo de si mesmas… Você tem mais é que ir dormir e torcer para suas meias azuis lhe consolarem, porque noites frias como hoje costumam ser longas…