Eu conhecia ele desde sempre, mas nos tornamos amigos na adolescência. Eu tinha 15 anos, ele 17. Eu, minha prima, ele e a irmã dele saíamos juntos todos os dias na praia, durante o dia a praia dos surfistas era nosso lugar e à noite Bali Hai era destino certo (nos finais de semana, porque nos outros dias lá estávamos nós nos bares da praça). Foi meu primeiro grande verão e o Edo estava junto, nos grandes momentos e nos momentos de merda.
Edo: um cara legal de verdade, mas não daqueles que a mãe sonha como genro, porque esses não costumam ser legais de jeito nenhum, são pessoas monótonas. E monotonia e Edo definitivamente não combinam, sempre com uma gracinha a dizer, um sorriso a oferecer, um abraço carinhoso e uma mega disposição para fazer amigos. Não me lembro de ninguém no mundo que tenha dito que foi deixado na mão pelo Edo. Assim é esse cara. Ou melhor, ou pior, assim era. O Edo tinha leucemia e estava com os dias contados há um certo tempo. Eu o vi pela última vez há dois meses, no carnaval e depois em um barzinho, antes d’eu voltar cá para o Rio de Janeiro.
O Edo pegava onda, mas já há um bom tempo a prancha só ficava pendurada na parede, pois a doença já não permitia a ele o surf. O sol que ele tanto adorava se pôs ontem enquanto ele era enterrado e agora que recebi a notícia, na minha casa há um misto de sol que ele tanto amava e de chuva, porque até o céu está chorando um pouquinho junto comigo. Eu sei que agora ele descansa e não sente mais as dores, mas o que é que eu faço com essas lágrimas que correm alucinadas pelo meu rosto há mais de uma hora? Amigos não deveriam morrer nunca, deveriam ser tão imortais quanto o sentimento da amizade.
P.S.: eu queria muito que este post fosse um conto, como Alice, mas não é. Me perdoem pelo tom triste do post, mas se eu não escrevesse não conseguiria parar de chorar.
Deixe um comentário