É raro eu ter crise de mau-humor. Raríssimo. Mas quando tenho, sai de baixo, porque minha língua é ferina e o pouco bom senso que eu tenho para fazer piadas se acaba. Foi num dia desses de mau-humor crônico – obviamente depois de um dia desgraçado no trabalho – que tive a idéia de formar um grupo de extermínio, para o qual recrutei alguns amigos. A diversão da gente é ficar imaginando formas para matar pessoas de nossa convivência com requintes de crueladade, diretamente proporcional à raiva.
Como estou longe deste grupo (estão todos no Rio de Janeiro e região), vai aqui mesmo meu exercício terapêutico de imaginar formas para matar alguém. No momento, elejo alguns representantes da categoria “assistente administrativo”, cuja ocupação começa como boy de escritório e vai até profissionais trilíngües assistindo diretorias de grande empresa. Nada contra, juro, nada contra a categoria. Mas há seis meses, estou passando um perrengue* com estes profissionais. Sério, já imaginei umas trinta formas de matar cada uma das três assistentes administrativas com quem lido constantemente desde novembro.
Por favor, alguém me explique como a imbecilidade pode aumentar exponencialmente em uma pessoa que realiza todo dia o mesmo trabalho. Como é possível fazer uma merda cada vez maior em um procedimento repetitivo? Se toda vez que alguém emite nota e boleto paga imposto, porque cargas d’água a partir de determinada data este alguém pára de incluir isso no valor que cobra do cliente? E se todo mês tem conta de água, luz, telefone e condomínio, porque não estranhar se não paga em um mês? Como, mon dieu, não fazer nada ao receber um e-mail com anexo que não confere com o que deveria ser? Será tão difícil perguntar?
Passei da primeira idéia, simples e eficiente, de empurrar da janela do 13º andar, à idéia de quebrar cada um dos ossinhos dos pés e das mãos, estourar os tímpanos, extrair cordas vocais e olhos e só depois matar. Esta idéia já me deixava bem calma, até sexta-feira, quando decidi que posso torturar e deixar viva.
Lomyne adverte: não tente fazer isso em casa. E caso algum inbecil equivalente àqueles que quero matar me venha com aquele papinho de “creeeedo, que maldade”, pelo amor de Deus não me leve à sério, seu imbecil. A imaginação é terapêutica, os atos acabam na cadeia, é obvio que não vou matar ninguém, eu nem mando à merda!
* perrengue (do dicionário carioquês-português): situação muito difícil, semelhante à gíria “aperto”, podendo referir-se a trabalho, finanças ou qualquer situação muito inconveniente e inesperada.
p.s.: eu gostaria de agradecer à Talita, à Dayane e à Cin pela sua grave falta de bom senso para escolher um bom blog para ler, já que me deram selinhos (fica a dica: é para ler isso e dizer “ah, que isso, você merece, tem um blog tããããããão legal!” Aproveita que eu já digitei e usa Ctrl+C, Ctrl+V). Obrigada, meninas, já coloquei ali do lado.
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