E a sua também. Digo isso porque depois que a gente cresce existe uma regra que simplesmente não faz o menor sentido e desrespeitá-la (a regra, não a mãe) é um dos hábitos mais saudáveis que se pode adquirir. Toda mãe repete igual um papagaio: não converse com estranhos. Ora, porque não? Essa regra não faz sentido! O ser humano é um ser social, a gente começa a desrespeitar a regra já na escolinha, conversando com os coleguinhas. E segue desrespeitando a vida inteira – quem não faz isso, deveria fazer.
Ontem conversei com um estranho. Tá ok, ele estava com dois conhecidos. Mas há seis meses os outros dois também eram estranhos. E por ignorar esta bendita convenção maternal é que ontem eu tive uma noite divertidíssima. Falei de música, falei de eventos, falei de política, falei mal de algumas pessoas e bem de uma.
Sabe quando você conversa com alguém e sente aquela sensação de pertencer? Bem como diz a Clarice Lispector, nesse texto? Então, bem isso. Eu, que nem sou muito fã de Clarice, confesso que quando conheço pessoas como o cara que conheci ontem paro de achar que eu sou a última esquisita do mundo, porque alguém ainda pensa como eu e gosta das mesmas coisas que eu. E quando ele diz que divide suas idéias com muitos, então eu percebo que pertenço a um grupo. Vou dormir bem mais feliz do que se desse ouvidos à minha mãe e não conversasse com estranhos.
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