É engraçado como, com o passar do tempo, temos menos fé em nós mesmos… Aos 15 anos, eu achava que podia ser popstar. Aos 20, achava que iria mudar o mundo. Depois dos 25 anos, acabei achando que era puro diletantismo. Não tenho mais vontade de mudar o mundo, me tornei só mais uma pequena burguesa preocupada em pagar as contas, ter minha casa, meu carro e deixa que os mais novos vão às ruas para fazer a diferença.
Este post não tem exatamente um propósito, é só uma manifestação de como me tornei mais branda… Vejo meus arquivos de princípio de blog, lá em 2002 (ai meus 20 anos) e vejo que hoje eu adociquei. Se antes eu fazia discursos de dedo em riste, mais dispostos a contar o que eu penso e dane-se o que o resto do mundo pensa; hoje sou cheia de pontos e contra-pontos, de olhar os dois lados da moeda, de opiniões ponderadas.
Ainda tenho meus dias de frases de efeito, mas também estes efeitos são menores. Porque a platéia muda e acabo rodeada de pessoas para quem meu diletantismo não importa e falo menos ainda. Há uns tempos atrás, numa turma de aspirantes a professores universitários, comentei sobre a ocupação da reitoria da Universidade Federal do Paraná: pra mim não passam de um bando de pós-adolescentes acampados lá para fumar maconha, beber um monte e jogar truco. E depois da minha frase, podia-se ouvir um mosquito voando naquele silêncio sepucral. Particularmente, considero que aqueles que pretendem ser professores precisam opinar sobre isso, que concordem comigo, que me chamem de louca, mas que falem!
Acho que aquela foi a última vez em que me atrevi a me pronunciar em alto e bom som… Porque foi naquele dia que me dei conta de que as pessoas não estão dispostas a ouvir. Foi quando entendi a diferença entre conversar com as pessoas que querem ouvir e conversar com aquelas que te deixam falar. É tão diferente que me dou conta de que estou aprendendo a me calar. Continuo falando muito, mas bem menos do que antes. E fico com muito medo de chegar o dia em que eu não fale mais.
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