O universo infantil é cheio de sutilezas e sinceramente considero que a maior utilidade desta data é me fazer lembrar. Das pequenas coisas que amava quando era pequena – ok, quando era menor – e do quanto da infância eu carrego dentro de mim até hoje.
Hoje decidi postar sobre um assunto que anda enchendo minha cabeça, por conta de um livro muito impressionante que estou lendo tentando ler no pouco tempo que eu tenho: os contos de fadas – ou, se formos corretos, os contos maravilhosos. Sim, porque nem todas as histórias fabulosas que são contadas às crianças contém fadas, vide Chapeuzinho Vermelho, Branca de Neve ou Rapunzel. Fada, fada mesmo, não tem. O que aparece ali é um universo de personagens e situações fora da nossa realidade e por definição técnica são chamados contos maravilhosos, aí sim, incluindo também as fadas.
Independente desse blá-blá-blá semântico, os contos de fadas são poderosos instrumentos que os pais usam desde divertir até educar os filhos. Ou alguém vai dizer que a mãe não aproveitou quando contou Chapeuzinho Vermelho para recomendar que não se deve falar com estranhos? A questão que realmente vale pensar é porque estes contos sobrevivem, de geração em geração, alguns com registros de mais de quatrocentos anos. Por alguma razão, alguém nos conta, nos compra livrinhos com essas histórias (para os oitentistas como eu, disquinhos coloridos de vinil) e por esta mesma razão inconsciente nós vamos contar aos nossos filhos.
Eu não sei porquê. O que eu sei é que eu tenho a agradecer a sobrevivência destas histórias. Porque é graças a elas que certos encantos da vida nunca deixam de fazer nossos olhos brilharem e principalmente graças a essas histórias é que a fé em duendes, fadas e bruxas persiste no inconsciente coletivo. São estas histórias que mantém no fundo de cada pessoa uma tendência, por menor que seja, a sermos pagãos. E mesmo os religiosos mais fervorosos que por cá ou lá criticam e duvidam, algum dia acreditaram de coração aberto em contos de fadas.
Portanto hoje eu proponho uma celebração, um brinde às fadas, estas gentis senhoras cujas varinhas de condão plantam em cada criança a semente para crer que existem mais coisas entre o céu e a terra do que supõe nossa vã filosofia e que ver e sentir este mundo fantástico é possível para cada pessoa disposta a abrir seu coração. Porque eu acredito em magia, magos, sacerdotes, bruxas, templos. E porque, como diz alguém por quem eu tenho carinho especial, se é pagão, eu tô defendendo.
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