Às vezes, acho que a política internacional parece uma valsa antiga: dois pra lá, dois pra cá, trocam os pares e vamos a rodopiar. Barack Obama liberou as viagens de cubanos residentes nos Estados Unidos para visitar seus familiares e enviar dinheiro ao país natal. Bueno, ha? Não é pouco, pelo que me lembro da história, nunca nenhum gesto de mínima gentileza foi feito nos quase 50 anos de embargo. Ao redor do mundo, jornalistas, cientistas políticos, sociólogos e cronistas batem palmas a este belo gesto – enquanto os pseudo-intelecuais dizem que é um absurdo, que Cuba não precisa dos Estados Unidos e blá-blá-blá.
Os especialistas comentam a atitude de Obama e seu mérito em prol da melhor negociação nas Américas, como se fôssemos todos iguais, unidos e superbrothers. Li em algum lugar que o presidente americano deverá comunicar que Cuba precisa se redemocratizar para melhorar a relação com a Casa Branca, ou qualquer frase parecida. Por quê? Com que moral? Não faz sentido querer desativar Guantanamo, mas não desativar porque não querem colocar esses “bandidos” dentro dos Estados Unidos. Ora, por que em Cuba pode? Não faz sentido deixar cubanos visitarem suas famílias, mas não estender a qualquer americano o direito de ir a Cuba. Não faz sentido não ter voo direto EUA-Cuba, sendo a distância de meros 150km. Não faz sentido porque os Estados Unidos da América não são paladinos da liberdade e da justiça. O fato de terem o poder para fazer algo não quer dizer que tenham o direito.
Por outro lado, Cuba é uma ideia poderosa, uma ideologia que vive muito mais naqueles que não a conhecem e nos sonhadores. Eu já falei de Cuba antes, sobre diferentes aspectos, em setembro de 2004 e de novo em abril do ano passado. Ou quem sabe não passe de uma ilhota no Caribe.
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