Estava conversando com a Claudia Regina sobre milhões de coisas e ela acabou citando o texto de uma blogueira, que continha a seguinte máxima: entre outros motivos, a autora vota na Dilma Rousseff porque a dita cuja é mulher; como uma ação afirmativa do movimento pela igualdade de direitos e oportunidades da mulheres – leia-se movimento feminista. Pronto, entrei em cólicas.
Para começo de conversa, porque este argumento reúne expressões que me irritam até a alma: “ação afirmativa”, “movimento” no sentido de organização social e “feminista”. E para continuar, o significado de toda a frase. Como alguém consegue basear uma decisão tão importante em um argumento tão medíocre? Ou pior: como uma mulher pode considerar o feminismo importante a tal ponto?
O que mais me incomoda no discurso feminista é o mesmo que me incomoda no discurso antirracista, sua absurda inversão de valores. Por exemplo: nos tempos áureos do pagode brasileiro, alguns nomes se tornaram muito famosos: Raça Negra, Negritude Júnior, Só Preto Sem Preconceito. Até aí tudo bem, mas o que aconteceria se criássemos bandas com os nomes Raça Branca, Branquitude Júnior, Só Branco Sem Preconceito? Haveria um verdadeiro chilique midiático por conta disso, por considerar preconceito, quem sabe até uma acusação de neo-nazismo.
O discurso feminista se utiliza das mesmas ferramentas: palavras de valorização, mobilização, etc, etc, etc. Uma mulher pode dizer “eu sou foda porque sou mulher”, é sua forma de ostentar sua igualdade. Um homem, por sua vez, não pode usar uma frase semelhante. Ele imediatamente será acusado de machismo, de querer se dizer superior às mulheres.
Da mesma forma: existe orgulho gay, mas arrisque fazer uma adesivo escrito orgulho hetero para ver. Você será sumariamente acusado de ser homofóbico!
Isso é um absurdo injustificável, um complexo de inferioridade que sempre vai endossar qualquer preconceito que sofram, porque há nestes grupos (negros, mulheres, gays) uma mediocridade de espírito que faz com que mereçam cada grama de preconceito que sofrem.
Eu não voto na Dilma. Não votaria nela em nenhuma circunstância, nem mesmo se ela fosse mulher, negra e gay. Isso não é critério digno de respeito. Para mim, nunca será.
Há seis anos eu escrevi um post explicando porque sou contra o feminismo, é curioso ver que nada mudou no que penso sobre o movimento, justamente porque seu discurso me parece muito mais digno de deboche do que de concordância.
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