Acabei de chorar muito. Mais de 10 minutos, sem parar. Enquanto escrevo, a vista ainda está turva, as lágrimas ainda correm pelo rosto. Hoje eu chorei por ver de forma bem clara uma das coisas mais tristes que existem.
Há alguma coisa em mim que faz com que eu seja completamente contra qualquer diferenciação entre as pessoas. É um misto de educação com valor religioso, acrescentado do resultado das minhas experiências. Hoje, eu chorei por conta destas minhas experiências.
Quando eu vi o vídeo daquele menino reagindo ao bullying, há alguns dias, eu não consegui rir. Eu não achei engraçado. Foi só um tanto quanto libertador. E o que me fez chorar tanto hoje foi um simples vídeo, com o depoimento desse menino e da família dele.
Eu sofri bullying a vida quase inteira. Sofri muito na infância, com pseudo-parentes que me magoaram profundamente. Por anos. Sofro bullying quase todo final de semana, porque adoro alguns amigos e me sujeito a aguentar os destratos constantes de pessoas que se consideram infinitamente melhores do que eu. [pausa para chorar desesperadamente por mais alguns minutos]
Só que eu sou adulta, quando eu era criança, não existia o termo bullying. E alguém na minha idade não pode dizer que sofre disso, porque é ridículo. Reclamar de assédio moral também soa ridículo. Afinal, que tipo de escolha eu estou fazendo, porque aceito isso das pessoas?
Pois olha, eu vou lhe dizer uma coisa: não reagir ao bullying – ou assédio moral – é inevitável. Porque a gente passa tanto tempo nessa vida ouvindo que não somos bons o suficiente, sentindo o deboche sussurrado, o comentário maldoso, que a gente aprender que fazer de conta que não ouve nem vê é a melhor forma de coexistir. Mas fazer de conta que não ouve nem vê não quer dizer não sentir.
Eu aprendi a manter a cabeça erguida, todas as vezes, apesar de tudo. Apesar de ex-namorados que se acham no direito de me criticar infinitamente, os mesmos que nunca agredi nem 10% do que fui agredida emocionalmente. Apesar de psicólogos pseudo-intelectuais incapazes de me olhar nos olhos e me tratar como ser humano. Apesar de pessoas medíocres que se acham no direito de pedir que meus amigos escolham entre eu ou elas. Apesar de mulheres vulgares inseguras incapazes de entender que sou educada, não uma vagabunda tentando roubar seu macho.
Apesar de todos os adultos que não passam de crianças que andam em bandos para agredir os solitários e todos aqueles que não se encaixam em seu padrão de mediocridade. Eu sobrevivo a tudo isso, a cada dia.
Então me perdoem se por vezes eu lhes parecer agressiva demais, mas vocês não fazem ideia do quanto algumas coisas me machucam. Se mesmo mantendo inúmeros escudos certas pessoas me destroem emocionalmente, porque diabos eu iria mendigar sua amizade? Existe um limite para o dano que aceito que me causem. E acreditem, as pessoas sempre se superam neste aspecto. Com licença, eu vou ali chorar no meu travesseiro, porque nas pessoas eu acredito cada vez menos.
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