Me mudei muitas vezes na vida. Cresci entre o Rio de Janeiro e o Paraná, várias cidades em várias épocas. Minha família (pais e irmãos) nem sempre esteve reunida, mesmo hoje não está. Os anos que passei fora de Araucária (PR), esta minha pequena megalópole, sempre foram incompletos. Há mais de três anos, voltei para essa terra que estranhamente parece me completar.
Aqui eu sou mais feliz do que em outros lugares, é bem verdade, mas a plenitude parece uma idéia abstrata e distante. Por que no fundo, pra mim, casa não é um lugar e sim um somatório de momentos.
Me sinto em casa quando abraço aquele moço que em breve vai voltar de novo com a ex dele e me ignorar de novo. Me sinto em casa quando vejo o por do sol no quintal da casa da minha madrinha. Me sinto em casa quando reúno amigos e novos conhecidos em casa e descubro que estudei com a irmã de um deles ou que outro cuidou do meu cachorro há 10 anos. Me sinto em casa quando não encontro minhas pantufas nesse frio desgraçado. Me sinto em casa quando abro a geladeira da casa da minha melhor amiga. Me sinto em casa quando não reconheço meu primo no bar.
O paradoxo no entanto é que me sinto em casa quando ligo praquele moço carioca e escuto aquela voz, sinto aquela risada gostosa me pegar de jeito e penso que eu deveria voltar para o Rio de Janeiro… Ai, ai…
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