Nasci mulher e cresci assombrada pelas claras diferenças de papéis entre os sexos. Porque posso ser chamada de muitas coisas, mas nunca de mulherzinha burguesinha – inclusive invejo o gênero de vez em quando. Sei que o mundo é moderno e nós mulheres tomamos espaço. Trabalho no marketing de uma multinacional onde somos cinco mulheres e dois homens, sei bem. Mas direito a voto, respeito depois do divórcio, posicionamento no mercado de trabalho – ainda que com salários menores – são conquistas já meio velhinhas e depois delas necas de pitibiribas.
Nós mulheres conquistamos direitos sociais sem dar nenhum passo nos direitos morais. Podemos tudo, menos ter o bendito do desejo. Uma mulher pode fazer muitas coisas quando quer, menos sexo. Ainda é feio olhar para um homem e querer dormir com ele naquela noite. Podemos dormir com uma mulher, mesmo porque todo mundo vai pensar que ela é sua amiga. Nem sempre, esclareço. Na prática, nós mulheres só podemos desejar alguém em segredo.
Em jogos da verdade, gosto de perguntar se “seus desejos passam por cima dos seus valores ou seus valores sobre seus desejos?”. Quase toda mulher responde que os valores são maiores, mais da metade delas eu sei que está mentindo. O que na verdade me levaria a duvidar dos jogos da verdade, mas prefiro deixar isso para um post exclusivo. Se tem algo que desejo, desejo desejar em paz, sem julgamentos. E que me chame de exagerada o primeiro hipócrita que ler isso aqui.
Post para Tertúlia Virtual, por idéia copiada do Vavá e nome de filme, pura e simplesmente porque de fato, o desejo é um bonde que passa por cima de mim.
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