Existem coisas na vida sobre as quais não podemos ser indiferentes. A batata-quente do momento se chama economia americana. Não dá para fazer de conta que não sabe de nada quando todo dia, todos os noticiários falam de bancos quebrando, subsídios governamentais e bolsas de valores brincando de paraquedismo. Ok, minha tia que só lê a Caras e a Contigo não deve estar sabendo ainda, mas ela não é regra.
O dinheiro está sumindo, as empresas multinacionais são bichinhos bem divertidos, eu acho. Veja a definição que a gente aprende na escola para esta palavrinha: multinacional (adj. 2 gén.) diz-se de empresa que exerce a sua actividade através de filiais ou empresas dependentes, difundindo o seu capital, instalações e atividades por vários países. Ora, nesta caso multinacional é o escambau! Porque então economias ao redor do mundo vêem “multinacionais” retirando divisas dos países? Hein, hein, hein? Esta crise americana só nos mostra algo que já era sabido: uma empresa se espalha pelo mundo para diminuir custos operacionais e maximizar lucros; assim que o calo apertar ela volta bonitinha para sua terra natal e foda-se o resto do mundo. Nossa bolsa reage, o dólar fica na gangorra e a Bovespa cai. Mas não é previlégio do Brasil, não. Na Europa, os efeitos se alastram: a Volvo demitiu 3.000 funcionários e a BMW está em férias coletivas. A recessão está às portas de vários países e o pânico se espalha alardeando o caos.
A Paulinha estava me contando por e-mail que nos Estados Unidos a crise está também se tornando um problema de saúde pública, porque as piscinas abandonadas viram paraíso para mosquitos e tchã-nam, epidemia de dengue – o que vai ter de carioca rindo por dentro imaginando fila em hospital não é pouco! É bom ver o império balançar. Não vai cair de vez, é ilusão crer que a maior economia do mundo atual vai virar uma nova Moçambique. E não vai cair por uma razão bem simples: porque o crack de 1929 ensinou a lição. A única diferença entre aquela crise e a atual é que em 1929, diante das dificuldades e da recessão, bancos, financiadores e governo travaram o dinheiro, não emprestaram, nem subsidiaram nada. Em contra-partida hoje o governo americano está fazendo o que quer pode para liberar o dinheiro necessário. E para se segurar sem se quebrar muito, o Banco Central brasileiro injeta verdadeiras fortunas para o meu ponto de vista e merrecas para eles. Como bom dizia o Jabor ontem de manhã no rádio, crise na bolsa não atinge pobre: pergunte à sua empregada doméstica se ela está preocupada com a crise econômica. E na mesma lógica ele dizia que, ao convidar o Brasil para a reunião o FMI, o que devemos esperar é que os EUA não nos peçam dinheiro emprestado, porque aí sim afundaremos junto com eles.
Mas esquecendo um pouco o meu instinto de sobrevivência e meu discurso anti-americano (que nem é forte, diga-se de passagem), na prática os Estados Unidos estão na merda (procure um eufemismo no dicionário se quiser), o fato é que a frase mais acertada hoje é mais ou menos como apertem os cintos, o piloto sumiu. Eu não sou uma socialista que agora encontra uma oportunidade de esbravejar idéias ufanistas. Pelo contrário, sou orgulhosamente capitalista, mas como alguém que não está no topo, sigo a regra de que alegria de palhaço é ver o circo pegar fogo.
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