Há muito tempo, escrevi sobre cotas (link). Na época, o governo discutia a implementação das cotas. Hoje, elas funcionam no país inteiro e mais, um programa do governo ainda banca alunos carentes em universidades particulares.
No entanto, hoje, mais de quatro anos depois, as pessoas ainda discutem cotas. Nada contra debater, o estranho é o tipo de argumentação envolvida. O discurso dos favoráveis ainda declara que é uma compensação pela maneira como a sociedade se comportou quando da abolição da escravidão, imediatamente transformando os negros em mendigos. Na outra ponta, pessoas contra as cotas vêem como desserviço à sociedade, como assistencialismo governamental, como institucionalização do racismo. E como a assunto acaba? Com os partidários das cotas chamando os contrários de racistas e muito rápido o debate vira discussão pessoal.
Eu bem me lembro de ter ofendido uma amiga com minhas argumentações, quando usei como exemplo nossa educação em escola particular, com a qual não passamos em universidade pública. Ela negra e eu branca, acabamos fazendo faculdade particular e ela se ofendeu quando eu disse: quer dizer então que nós duas com a mesma educação devemos ter chances diferentes? Você deveria ter entrado na federal simplesmente porque é negra? Silêncio. Foi numa lista de discussão e ela não mais se manifestou sobre o assunto.
Para efeitos ilustrativos, vamos aos dados de cotas no Paraná: na UFPR, no turno da noite do curso de administração, existem 110 vagas. Pela regulamentação das cotas, são 40% das vagas destinadas a negros e pessoas de baixa renda, ou seja, 22 vagas para negros e 22 vagas para baixa renda. Resultado após o vestibular: sobraram vagas de negros, foram repassados para baixa renda. Vagas preenchidas. Então encerro meu ponto de vista com a mesma afirmação de anos atrás: cotas, eu posso até aceitar, mas não com base na cor da pele. Até porque noNo sul do país, o pobre miserável é loiro de olho azul e no Nordeste o negro não é tão miserável e excluído – pelo menos não todos eles.
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