Lomyne's in tha house

Já não sou mais tão jovem para ter tantas certezas.

À beira de um ataque de nervos

São Paulo quase desabou nos últimos dias. O nome do que aconteceu: boataria. O pior das rebeliões e crimes não foi visto pela população, mas a maneira como as informações passaram, sem nada oficial dito, criou uma brecha para o mesmo tipo de coisa que acontece quando você recebe um e-mail dizendo que o orkut vai ser pago: uma maioria acredita simplesmente porque não tem ninguém dizendo que é mentira simplesmente porque é absurdo. A massa, a coletividade é irracional, não questiona, só passa adiante o telefone sem fio e deixa tudo acontecer.

Mas eu não sou profeta do apocalipse, não tenho soluções para tirar da cartola e nem tenho intenções políticas, o que faz com que eu não esteja nem aí pra isso tudo. Não porque eu estou em curitiba, segura em minha casa longe o suficiente do caos. Mas porque já vi isso muitas vezes. Uns bons anos no Rio de Janeiro acabaram por me tornar apática diante de coisas que já vi bem mais de perto do que agora, problemas sobre os quais já perdi as contas de quantas vezes escrevi, uma violência mental já tão comum que me faz olhar o caos que a TV me mostra e pensar uma única coisa: E daí? Ninguém vai fazer nada e comigo nada vai acontecer, então foda-se. Isso é a pior coisa que pode acontecer, sabiam? Entrar nesse raciocínio que acaba com a expressão foda-se é o que destrói qualquer capacidade de mudar o mundo. Eu estou me tornando assim, só porque tive dias bons me tornei menos ligada a esse tipo de catástrofe social em que se dá muito tiro, contém-se o pânico e depois deixa tudo como está, só estancam o sangramento, não curam a doença.

Mas em termos de solução, já diria a Mafalda: Como sempre, o que é urgente não deixa tempo para o que é realmente importante.


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