Lomyne's in tha house

Já não sou mais tão jovem para ter tantas certezas.

Dia Internacional da Mulher

Parece um dia de celebração, mas muitas vezes tenho a nítida impressão de que é um dia perigoso. Pelo menos, o programa da Hebe é muito perigoso. Para começo de conversa, gostaria de esclarecer que eu não estou vendo Hebe, minha avó está e daqui do computador eu ouço o que se diz por lá. Saca aquele esquema da Hebe que todo mundo fala como se estivesse em uma mesa redonda sobre um assunto de extrema importância? Pois é. Agora imagine (eu peço para imaginar porque espero que nenhum dos meus leitores tenham o medíocre hábito de assistir a Hebe ou sequer saber o assunto do dia), agora imagine que estão lá, para expôr sua opinião sobre as mulheres de hoje em dia: Paulo Autran, Ratinho, Juca de Oliveira, Heitor Martinez e Fábio Júnior. Que seleção, não? Exceto pelo Paulo Autran, creio que nada ali vale muito a pena, mas não são as pessoas dali que me interessam e sim o que elas falaram.

Lá estão eles expondo suas opiniões sobre como reagiriam se a mulher deles olhasse para um homem que passa na rua da maneira como os homens olham a mulherada. E que deprimente, meu deus, que deprimente! Machismo aos baldes! Enquanto um diz que bateria na mulher se ela fizesse isso; o outro fala em Darwin, na posição da mulher de acordo com a orientação da espécie; e ainda sobra um para dizer que o homem passou a prender a mulher dentro de casa quando descobriu a propriedade, porque precisava ter certeza de que os filhos eram seus simplesmente para crer que deixaria seus bens para filhos legítimos, vejam só! Acabam de incluir a mulher como parte do patrimônio! E ainda, noutra parte da conversa disseram que o homem é por natureza um caçador e que um homem se desinteressa por uma mulher que dê mole para ele. E penso eu: o que vejo na rua, todos os dias, nas nights da vida e a cada momento que perco meu tempo convivendo em sociedade, tudo o que vejo se trata de uma belíssima ilusão de ótica?

Ao que me parece, a sopa de letrinhas que escuto da tv não passa de papo obsoleto. Certo está o Paulo Lima, editor da maravilhosa TPM, que diz que ao escutar isso o que nos resta é olhar e exibir aquele riso que soltamos diante de uma foto de mulheres indo à praia no começo do século passado, de saia longa e camisa comprida. Ou seja, é algo que fez sentido numa época remota, mas que hoje parece ficção.


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