Lomyne's in tha house

Já não sou mais tão jovem para ter tantas certezas.

A data estranha

Ok, todo mundo sabe que doze de junho é dia dos namorados e que isso é uma invenção altamente comercial, mas todo mundo comemora. Há casais por todos os lados, sorrisos em muitas bocas e no ar uma música suave e um cheiro de flores, até mesmo em pleno meio-dia na Avenida Paulista.

Eu não sei, meus dias dos namorados, todos eles, foram muito estranhos, cheios de um silêncio e de um sossego amargurado, aquele aperto chato que dá na gente cada vez que vê duas pessoas se beijando. O único em que não estava solteira, foi o ano em que a mãe do meu então namorado morreu, não são boas lembranças.

É o tipo do dia em que me sinto muito esquisita, em que cada coisa que vejo me lembra uma parte de alguém que passou na minha vida, é o meu dia mosaico, dia em que não sei nada direito, só sei pedacinhos de coisas que vivi. Vezes que corri na chuva, vezes que chorei no chuveiro, objetos que perdi, bilhetes não assinados, cantadas péssimas e engraçadas, vezes em que voltei do colégio mais tarde por causa de uma boa companhia, vezes em que me deitei em colos queridos, frases que eu disse, olhares tímidos, caronas secretas, músicas de videokê, dança de salão, beijos no portão de casa… Mas o que me mata, acaba comigo de verdade, são os sorrisos. Os malditos sorrisos de todos eles, desde as maiores gargalhadas à risada de canto de boca, eu lembro de cada sorriso e de cada vez que eu vi cada um deles.

Definitivamente, doze de junho não é um dia bom para mim… doze de junho me incomoda.


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