Lomyne's in tha house

Já não sou mais tão jovem para ter tantas certezas.

Língua de trapo

Para quem não conhece a gíria aí em cima, eu traduzo: significa pessoa que fala mais do que deve. E eu sou uma tremenda língua de trapo. Mas já dizia a minha avó, a língua é o chicote da bunda (e quem pensar sacanagem deste ditado eu aviso: vou xingar, hein?). Agora chega de enigmas, vou contar um causo. Lembram de bandeiras rotas? Pois é, eu não devia ter postado aquilo. Paguei minha língua uns dias depois.

Cenário: churrasco em que diretores de uma mega empresa de comunicação estavam presentes, juntamente com Lomyne e sua família feliz. Detalhe: diretores grngos com um português medonho.

Cena 1: gringos jogam dominó com o Pai da Lomyne, de repente um deles se levanta e me diz senta aqui e joga por mim, estou indo embora. E lá fica Lomyne, fazendo um social com interesses profissionais enquanto joga algo que odeia, acha ridículo e até patético.

Cena 2: a dona da casa, esposa de um dos gringos e amiga do Pai da Lomyne me chama para conversar alguma coisa importante fora daquela mesa. Resumo da mensagem: ‘Lomyne, se você quer algum dia trabalhar na empresa desses gringos, não se sente novamente na mesa de jogo e nem se aproxime de lá, porque eles não gostam de mulheres jogando nem por perto enquanto eles jogam, porque nas mesas de jogo eles costumam falar de negócios’.

Cena 3: Lomyne com a macaca dentro de si, sem poder perder a linha, sem porder mandar aquela cambada de filhos das putas enfiar pecinha por pecinha do dominó em suas bundas e ainda tendo que prontamente sorrir e dizer que entende, que é uma coisa cultural, etc, etc.

Quem me conhece pessoalmente deve estar se divertindo imaginando a minha cara na hora, vermelha, tentando encontrar as palavras educadas no meio dos impropérios que pipocavam na minha cabeça. Ora caralhos, como é que eu vou entender alguém assim? Sabem que eu até entendi? Entendi mesmo que é coisa do povo deles, mas eu lhes digo: com um babaca assim eu definitivamente não quero trabalhar. Na hora eu fiquei imaginando: que tal eu trabalhando com um cara desses e ele não me chama para uma reunião porque sou mulher? Sim, porque se quando ele fala de negócios enquanto joga – ou seja, quando a conversa não é oficial – ele não aceita a presença feminina, imagine quando for realmente importante… Tenho que ficar feliz se receber um memorando, eu suponho. E como é que vou acreditar em uma carreira profissional em uma empresa comandada por um cara assim?

Eu mereço, né? Essas merdas só caem na minha cabeça mesmo…


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