Eis que de alguma forma o ciclo se fecha e a vida encontra um ponto em que podemos enxergar a mudança de etapa. Meu pai faleceu, minha pós-graduação tem me exigido muito e uma nova etapa no trabalho traz um monte de novidades e algumas coisas que não são novas, mas que eu estava cheia de saudades. De repente, o bichinho morando no espelho – tempos atrás eu comentei que não andava reconhecendo – começa a ter forma. Por um lado, velhos traços da minha personalidade que eu achei que não veria nunca mais andam por perto, por outro, esse tempo todo que passei sendo atropelada pelo tempo e muitas vezes pela falta dele me fez ver a urgência de parar para pensar. E parar para pensar é um recurso raro de uns meses para cá.
Nos devaneios que foram possíveis nos últimos dias, me dei conta de como certas coisa são passageiras e outras duradouras. Em um contato com alguém outrora muito especial há questão de um mês aliei ironia com brincadeira e me apresentei como se fosse a primeira vez para o homem que me conhece mais do que qualquer outra pessoa, alguém que hoje eu não reconheço. Por outro lado, mensagens no celular reavivam um carinho sincero que eu pensei ter perdido. E que ficou longe, como toda balança bem equilibrada de minha história, sempre pendendo pro lado em que vejo o que perdi.
Algumas coisas se parecem com velhos filmes, como que embaçadas e deslocadas. Assim são as sensações dos que foram, dos que permaneceram, dos que ressurgiram. Mas essa impressão de deja vu tresloucado piora diante das situações. Eis que se reabre diante de mim, em letras garrafais, o estilo de vida que construiu Rê Ticências. É, pois é, Rê Ticências é/foi fruto de um estilo de vida, por sinal uma forma de viver que continha insônias freqüentes e imensas sensações de sozinhez, como diria xuxu. E cá estou, depois de uma noite em claro, a escrever tolices em minha casa, como Ana a rabiscar suas paredes, como um tímido brincando de ser deus, como velhas fanfarras muzikais, enfim, como sempre, a cuidar de minha casa totalmente displicente. Como eu, como sempre.
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