A primeira coisa que eu me pergunto sobre a legalização do aborto é “qual o problema?” O que exatamente acontecerá de ruim se o aborto for legalizado? Até onde me conste, não é difícil fazer um aborto no Brasil (até já me ligaram certa vez, pedindo telefone de um lugar que fizesse, coisa da minha vida de lobista). Que mal a legalização trará? No final das contas, o que eu vejo é redução do número de crianças abandonadas em latas de lixo e de mulheres em emergências hospitalares por tentar abortar com uma agulha de crochê ou por fazer num lugar perigoso. E nesse ponto, legalização significa regulamentar e regulamentação significa segurança.
Eu não consigo entender os chiliques católicos e de demais religiosos, empunhando a bandeira ‘isso é contra a vontade de Deus’, me parece que mataram aquela aula de catequese sobre o livre-arbítrio. Pessoalmente, sou absolutamente contra o aborto, justamente por conta da minha religião. Mas isso não quer dizer que sou contra a legalização. Como eu expliquei na lista de discussão, acho que as pessoas devem temer primeiro aos seus deuses, depois à lei. Se alguém quiser abortar, as razões são dos pais e façam o que quiser. Ninguém tem direito sobre os outros, essa escolha é de cada um.
Assim como me disse àquela amiga que não localizaria a clínica de aborto porque eu sou contra e falei um monte que ela não deveria fazer, da mesma forma não acho que ela deva ser impedida. Não acho que a sociedade tenha o direito sobre a decisão de um casal. Eu jamais faria um aborto, mas não tenho direito de proibir alguém de fazê-lo.
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