Domingo, dia de clássico do campeonato paranaense. Toda a rivalidade possível em campo pro jogo entre Atlético e Coritiba. Eu estava perto do estádio e teria que utilizar um terminal de ônibus que cruza o caminho de boa parte da torcida. Cheguei lá uma hora e meia depois, tempo mais que o suficiente para evitar a torcida. Ou pelo menos eu achei que seria.
Um amigo me deu carona até o terminal e ao descer levei um susto. A imagem era aterradora: cacos de vidro pelo chão, imagino que estouraram umas três janelas de um ônibus, duas viaturas policiais de saída e uma galera correndo, mais de cem torcedores ostentando sua valentia futebolística. Fiquei do lado de fora, com outras pessoas que também não tinham coragem de entrar. Um menino no portão explicava pra gente umas subdivisões da própria torcida que eu não consegui acompanhar a lógica.
A torcida do Coritiba moeu seu estádio ano passado, perderam o mando de campo por um bom tempo. A torcida do Atlético moeu um ônibus e aterrorizou muita gente no terminal, eu não vejo diferença entre os torcedores dos dois times. Talvez passe no jornal, mas não vai dar em nada. Como se fosse normal isso. De alguma forma, a violência do torcedor virou comum e não está longe o dia em que todo mundo vai chamar de “normal”. Os torcedores se juntam e se tornam uma manada enfurecida que se considera isenta de responsabilidade, simplesmente porque seu time não ganhou. Ontem foi um empate. Não consigo imaginar o estrago em caso de derrota.
Depois que os fanáticos saíram, entrei no terminal. No ônibus pra casa, um cara se orgulhava de ter sentido uma bomba ao lado do seu pé e ter levado uma pedrada no meio da torcida. O amigo concordando e dizendo que isso é massa, que as pessoas não entendem que isso não é violência. Realmente, eu não entendo mesmo. Se isso não é violência eu não sei o que pode ser. Esporte?
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