Era tarde de sexta-feira, usei meu horário de almoço para fazer as unhas. Toca meu celular, meu tio aos berros pergunta onde eu estou. Respondida a pergunta, ele me explica que ligaram para minha avó, alegando que tinham me sequestrado, pedindo dez mil reais de resgate. Segundo ele, uma mulher gritava pela mãe aos prantos e os supostos sequestradores estavam em posse do meu celular e de minhas coisas.
Não vou entrar nos méritos de quão falhos eles foram e que minha avó devia ter se ligado, porque de fato não a chamo de mãe; além do que, obviamente não daria a um sequestrador o telefone de uma senhora de oitenta anos sozinha em casa.
É ultrajante saber que acontece com a gente. Eu nunca dou meu telefone de casa, poucas pessoas o tem e costumo tomar todos os cuidados para evitar problemas assim. Mas um dia um filho da puta liga pra sua casa e deixa sua avó bamba das pernas, nervosa, ela ainda estava chorosa quando cheguei do trabalho à noite. Se eu pego o maldito, nem sem o que faço. Não é fácil digerir esse absurdo.
Raramente saio dizendo por aí, mas em dias como esses é inevitável falar o que sempre penso: que temos uma polícia omissa, um estado corrupto e que bandido bom é bandido morto. Porque prender não adianta bosta nenhuma, já que no Brasil penitenciária é hotel, onde tendo dinheiro a hospedagem é cinco estrelas e mais cedo ou mais tarde os caras estão na rua de novo, fazendo as mesmas coisas de sempre, sequer pararam enquanto estavam presos.
E que ninguém se atreva a vir defender, dizendo que eu sou radical e não deveria falar assim. Porque até onde eu saiba, há muito mais bandidos soltos do que inocentes presos.
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